A imagem mostra, em detalhe, quatro calças jeans penduradas em cabide. É possível visualizar as partes superiores das peças, que tem tons que variam do cinza claro a um azul mais escuro. O fundo da imagem é preto.

Atemporal: conheça a história do jeans no Brasil

Como o botão de uma bela flor a desabrochar, a história do jeans no Brasil (e no mundo) foi um ponto de catarse para transformações na moda e mudanças que marcaram gerações. Mas como o tecido que era usado apenas por trabalhadores fabris se tornou tão essencial no mundo fashion e passou a integrar o guarda-roupa da maior parte das pessoas? Isso e outros pontos superinteressantes sobre a história do jeans, é o que você vai descobrir no artigo a seguir! Embarque nessa jornada conosco!

Uma calça para mineiros: a invenção da calça jeans

Um tecido para cobrir barracas. Isso mesmo que você leu, os primeiros exemplares de jeans trazidos à América eram utilizados para manter tendas fortes contra as intempéries do clima. Mas a virada aconteceu quando, em 1853, o camelô vindo da Alemanha, Levi Strauss, utilizou o tecido para criar uma calça resistente para um mineiro que residia em São Francisco, Califórnia. A partir desse movimento inocente, nascia uma peça icônica, que transformaria o mundo da moda: o jeans.

Mas, antes disso, ainda no século XVIII, o tecido já era utilizado para confeccionar calças para marinheiros de Gênova, Itália. E é dessa região italiana que se origina o nome “jeans” – claro, com adaptações e erros de pronúncia que se tornaram naturais com o tempo.

Nessa época, as calças não tinham o tradicional tom azul que se tornou marca registrada do jeans, elas tinham uma cor que variava entre bege e marrom-claro. Mas foi com a sagacidade de Levi Strauss que tudo mudou. O jovem alemão passou a adotar um tecido mais resistente e flexível que o de Gênova para costurar as calças dos trabalhadores mineiros. Tratava-se de um exemplar de algodão bem trançado, fabricado na cidade francesa de Nîmes – que originou o outro nome popular do jeans: denim. E dessa vez sim, o tecido era tingido com um azul índigo, o tom que é, até hoje, característico da peça.

A imagem mostra, em detalhe, o bolso de moedas de uma calça jeans azul. Ele tem rebites na parte superior. Os aviamentos têm a cor dourada.

A utilização de rebite nos bolsos

Outra característica típica do jeans como conhecemos atualmente, são os rebites nos bolsos. A utilização do aviamento foi ideia de Jacob Davis, nascido na Letônia e que trabalhava próximo a São Francisco. O comerciante ouvia frequentes reclamações de seus clientes, que relatavam que os bolsos de seus macacões não resistiam ao peso das coisas que carregavam.

Jacob, então, passou a pregar os rebites nos bolsos, evitando que eles caíssem com o peso. A ideia foi um sucesso e, temendo imitações, o comerciante buscou por Levi Strauss para que, juntos, patenteassem a invenção.

Assim, com a ideia do rebite nos bolsos, Levi Strauss e Jacob Davis começaram uma parceria bem-sucedida, que popularizou as calças jeans entre os trabalhadores da região.

A chegada do jeans no Brasil

Com a Segunda Guerra Mundial, o jeans passou a ser utilizado pelos combatentes, fator que aumentou a popularidade da peça entre o público geral. Assim, em 1948, a empresa Roupas AB lança a primeira calça de brim azul (outro nome popular para o tecido), chamada de “Rancheiro”. Mas em um país tropical, onde os jovens não tinham poder de compra e a maior parte das pessoas ainda morava no campo, o brim foi considerado “duro” demais.

Quase uma década mais tarde, o Brasil ganhou novos modelos de jeans fabricados nacionalmente: as Calças Rodeio e Far West. Fabricadas pela empresa Alpargatas do Brasil, traziam tecidos resistentes, que não encolhiam, e agradaram os jovens de classe média brasileiros.

A imagem mostra duas páginas de uma revista aberta. Ela contém dois desenhos de famílias felizes vestindo calças jeans e, na parte inferior, um texto explicativo azul, demonstrando detalhes sobre as peças.
Fonte: Thais Taranto Pinterest

Mas, mesmo com as confecções brasileiras, o que todos realmente queriam era usar as calças Lee, famosas nos Estados Unidos e que eram trazidas por quem viajava à Terra do Tio Sam. Foram os modelos da marca que se tornaram febre entre os jovens do Brasil, e retiram o estigma de “calças de trabalho” do bom e velho jeans.

Com essa popularização, as grandes empresas brasileiras perceberam um mercado em ascensão, e passaram a investir pesado no jeans, criando modelos e propagandas com forte apelo aos jovens. As marcas Calhambeque, Tremendão e Ternurinha, por exemplo, utilizavam grandes ídolos da juventude da época como estrelas em seus comerciais. Nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléa eram comuns nesse tipo de anúncio.

A imagem mostra duas páginas de uma revista aberta. Ela contém desenhos de pessoas vestindo calças na página à esquerda e, à direita, uma imagem de Roberto Carlos. Em ambas existem textos descritivos sobre as peças jeans.
Fonte: Nossa Jovem Guarda Blog

O marco seguinte da história do jeans no Brasil, acontece na década de 1970, época de profunda transformação, em que os jovens lideram movimentos sociais e buscam mudanças constantes na sociedade. Para acompanhar essa efervescência da juventude, é lançada a U.S. Top, a primeira calça jeans brasileira que desbota (igual aos modelos da Lee). A publicidade da marca era marcada por autenticidade e destacava a possibilidade de personalização das peças.

Depois, em 1974, chega a hora das marcas estrangeiras se adaptarem ao gosto dos brasileiros. A gigante Levi’s encabeçou o movimento tornando as calças masculinas mais justas na frente, e as femininas mais justas atrás. Além disso, a Ellus traz a novidade do jeans stone washed, que fez sucesso entre os jovens da época.  

A imagem mostra a página de uma propaganda impressa. À esquerda está a foto de um homem e uma mulher sentados, ambos com calças e jaquetas jeans. À direita, uma chamada e fotos de detalhes da calça U.S. Top.
Fonte: blog Anos Dourados

O queridinho dos brasileiros

Com o fim dos anos 1970, podemos afirmar que o jeans se consolidou como uma das peças favoritas dos brasileiros. A demanda se tornou cada vez maior e o que para alguns poderia ser um simples tecido, se tornou sinônimo de autenticidade e liberdade para os jovens.

Uma pesquisa feita pela Vicunha Têxtil, em parceria com a IEMI, Inteligência de Mercado, traz dados impressionantes sobre o mercado atual do jeans no Brasil. Sozinho, ele corresponde a 11,3% do consumo de roupas no varejo nacional, e movimentou quase R$ 22 bilhões em 2020, mesmo com o mercado de moda sob os efeitos da pandemia de Covid-19.

Ou seja, o mercado do jeanswear é de extrema importância econômica, gera milhões de empregos todos os anos e dita tendências… muito além da moda! E a história da peça segue sendo escrita, com a adoção de confecções mais sustentáveis, peças mais confortáveis e que se adaptam de geração em geração.

E nós, da Rech Botões e Componentes, seguimos observando e ajudando a escrever essa história, com a produção de aviamentos de qualidade e que prezam pela autenticidade em cada detalhe – como um bom jeans merece!

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